terça-feira, 26 de julho de 2011

Buraco Negro


Já me senti triste, tantas vezes, incontáveis vezes em minha vida, mas não como hoje, não como esta tristeza que sinto agora, ela é silenciosa, não quer reclamar, nem comentar sobre o porquê. Ela é como um turbilhão de infinitas sensações e pesares, ela parece estar no fundo do meu ser, em um lugar que nem eu mesmo conheço, inacessível, irascível, no entanto marcante e tão profunda, que tenho a sensação de afundar dentro de um lugar, dentro de mim mesma. Sinto sono, durmo e não descanso, sinto cansaço, um cansaço sem justificativa, o repouso não soluciona, a meditação se desvanece, a calma evapora, aguardo silenciosa, silêncio este de uma morbidez sinistra, uma calma evaporada refletida no meu semblante, uma agonia contida sem forças para se expressar.
Memórias, perguntas, lágrimas e de novo o cansaço; um cansaço grotesco, descomensurado. Não quero chorar, estou cansada demais para lastimar, contemplativa sem forças e sem vontade de reagir ou compreender.
Já procurei respostas, justificativas; já dissequei minha alma, minha vida.
Já passei noites e dias, meses e anos tentando compreender, buscando respostas, fazendo perguntas, decifrando enigmas.
Acho que dei a resposta errada para a esfinge, e agora, e há muito tempo, e de dentro para fora, aos poucos, bem devagar ela me devora. Quem sabe neste momento minhas emoções misteriosas e insondáveis começam a implodir. Quem sabe como estrela atrevida brilhei demais, queimei demais, me consumi numa implosão de luzes e cores e não consigo suportar o indecifrável buraco negro que me tornei. (04/12/2002)

Marise Lima Muniz

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